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Mercado para engenheiros cresce com novas áreas de atuação

quarta-feira, 1 de abril de 2015

(01/04/15) O desenvolvimento de novas tecnologias, somado à expansão das cadeias produtivas no território catarinense, acarretou no surgimento de novos cursos de engenharia pelo estado afora. Mais do que isso: as engenharias se subdividiram em áreas tão diversas que fica até complicado para os leigos entenderem as atribuições de cada uma.

O professor Rafael Garlet de Oliveira, engenheiro de controle e automação, avalia: “O número de ramificações e subáreas cresce a medida que novas demandas de mercado surgem”. Coordenador do curso técnico em Automação Industrial do Instituto Federal Catarinense (IFC) Câmpus Luzerna, ele salienta que a própria graduação em Engenharia de Controle e Automação é uma área da Engenharia Elétrica, com novas atribuições e características.

“A maioria dos cursos surge através de uma demanda”, comenta o professor. “Isso quer dizer que o parque industrial de Santa Catarina vem crescendo e se destacando no cenário nacional. Podem-se observar algumas empresas da nossa região que são líderes de mercado no Brasil e até fora daqui”.

O IFC Luzerna, quando iniciou suas atividades em 2010, é prova disto. O primeiro curso superior demandado pela comunidade foi justamente o bacharelado em Engenharia de Controle e Automação. Anos depois, surgiu a segunda oferta, desta vez em Engenharia Mecânica. Tudo de acordo com a necessidade dos arranjos produtivos locais de Luzerna e região.

O engenheiro eletricista Marcos Fiorin, também docente no IFC, ressalta que o desenvolvimento de novas tecnologias e a demanda por novos profissionais estão intimamente relacionados. “É um ciclo vicioso. Quanto maior for o número de engenheiros no mercado, maior será o crescimento tecnológico, da mesma forma que novas tecnologias normalmente demandam mais engenheiros, para efetuarem melhorias nos processos e produtos, manutenções, entre outras atividades”, destaca Fiorin. “O IFC Luzerna tem alunos que vieram de regiões como Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Isso, por si só, já é um reflexo da demanda nacional”, diz o professor.

O mercado busca soluções para a melhoria contínua dos processos de produção, redução de custos, desenvolvimento de novos produtos, entre outros. “E, para isso, necessita de mão de obra qualificada para alcançar tais objetivos”, acrescenta Marcos Fiorin.

Outro fator relacionado é a descentralização das universidades e institutos federais, que facilita o acesso da população que está afastada dos grandes centros, como destaca o professor Rafael Garlet de Oliveira. “A expansão da Rede Federal de Ensino contribui bastante para o aumento da oferta destes cursos. Ainda assim, fala-se em um deficit de engenheiros no Brasil, que significa uma crescente oferta de empregos e oportunidades nesta área”, fala.

MERCADO

Notícias sobre a escassez de mão de obra na engenharia são vistas com ressalvas. Entre junho e julho de 2013, a rede LinkedIn fez uma pesquisa para analisar o mercado de trabalho e o perfil de engenheiros recém-formados de todo Brasil. A pesquisa on-line obteve 500 respostas entre engenheiros e estudantes de engenharia, sendo 209 engenheiros com ao menos uma experiência de trabalho após formado.

Os resultados apontaram um deficit de 40 mil engenheiros no país, destacando a melhora nas propostas salariais, o prejuízo para a produção tecnológica e a redução da quantidade de mestres e doutores. Entretanto, o mesmo estudo revelou que apenas 31,3% dos engenheiros recém-formados desde 2009 tiveram salários de R$ 4 mil ou mais em seu primeiro emprego. Para os professores do IFC Luzerna, o deficit de engenheiros se deve à baixa proporção de engenheiros formados a cada ano, que não tem acompanhado o crescimento exponencial da procura por este profissional. Além disso, a pesquisa mostra que engenheiros com experiência e/ou especializados foram valorizados pelo mercado de trabalho.

Marcos Fiorin reforça a necessidade da constante atualização profissional: “Cada vez mais surge a procura por profissionais especializados. Este processo é natural, e, com certeza, vai crescer muito. Em nossa região, onde concentram-se empresas do setor metalmecânico, já podemos perceber isto. Em geral, a tendência é de crescimento na demanda de profissionais especialistas”.

O técnico em mecânica Fernando Prando Dacas já está de olho no crescimento profissional. “Fiz meu curso técnico na antiga ETVARPE, escola que deu origem ao IFC Luzerna. Hoje, além de trabalhar na área, faço a graduação em Engenharia Mecânica na mesma instituição”, diz. Fernando ainda não é engenheiro – mas já aprendeu que atualização é um dos segredos para uma boa carreira.

DOCÊNCIA

Outra realidade que se nota cada vez mais presente é a procura por engenheiros docentes. Até o dia 24 de abril, o Instituto Federal Catarinense recebe inscrições para o concurso do quadro efetivo de professores – e muitas das vagas são para profissionais das engenharias. “Docentes especialistas estão sendo valorizados, pois existe uma escassez de engenheiros especialistas, mestres e doutores”, comenta Marcos Fiorin.

Já para Rafael Garlet de Oliveira, a escolha pela área docente, na maioria das vezes, não é uma questão financeira. “Em muitos casos, a indústria remunera melhor os seus funcionários do que a docência. Ser professor é uma questão de vocação e estilo de vida”, comenta. “Apesar disso, a carreira na Rede Federal de Ensino vem apresentando muitas melhoras, além das condições de trabalho e possibilidade de trabalhar com pesquisas de ponta, fatores que estimulam muito e atraem novos docentes”, finaliza.

O técnico em mecânica Fernando Dacas: ingresso na graduação com vistas para o futuro profissional (Foto: Divulgação/IFC Luzerna)

O técnico em mecânica Fernando Dacas: ingresso na graduação com vistas para o futuro profissional (Foto: Divulgação/IFC Luzerna)

Wagner Lenhardt
Jornalista – MTE 0003635 JP-SC
Coordenação Especial de Comunicação – CECOM
Instituto Federal Catarinense (IFC) – Câmpus Luzerna