Produção intelectual intensa, debatida e disseminada de forma colaborativa. Essa é uma das características do Iluminismo, movimento nascido na Europa em meados do século XVIII e tópico fundamental nos currículos escolares de disciplinas como História e Sociologia. Para os professores, conteúdo que se transforma em desafio: envolver os alunos através de metodologias diferenciadas de ensino. A ideia? Usar a própria chave mestra do iluminismo – a produção compartilhada – a fim de instigá-los sobre o assunto. E se puser uma dose do mundo online, a atividade fica ainda mais interessante.
Foi pensando em tudo isso que Isabel Cristina Hentz, professora de História do Instituto Federal Catarinense (IFC) Câmpus Luzerna, criou a Wikistória – uma plataforma virtual de escrita colaborativa feita por e para alunos. No caso, estudantes do segundo ano dos cursos de Ensino Médio Integrado (EMI) do instituto. Funciona assim: ao longo das aulas, os alunos constroem verbetes relativos ao conteúdo ministrado pela professora. Neste primeiro momento, Iluminismo e Liberalismo. No decorrer do curso, a ideia é de que a plataforma seja alimentada constantemente, de acordo com a evolução das aulas. E pronto: está aí uma maneira atraente e moderna de aprender História.
De acordo com a professora Isabel, os conteúdos são bastante teóricos. “Construir uma enciclopédia virtual foi uma maneira que encontrei de sair apenas da aula expositiva e tradicional”, conta. “Busquei uma ferramenta que os estudantes pudessem fazer parte da construção do conteúdo. Além disso, a enciclopédia, ou seja, a ideia de reunir o conhecimento em um só lugar, é uma invenção iluminista”, destaca.
As plataformas wiki são ferramentas de escrita colaborativa. “Aproximar os estudantes desse tipo de instrumento pode criar um diferencial na sua formação, enquanto proporcionam a eles serem os próprios autores dos conteúdos estudados, produtores de conhecimento, além do fato de envolver atividades de pesquisa e produção textual”, fala Isabel.
Outras disciplinas também estão envolvidas no projeto. Nas aulas de Língua Portuguesa, sob orientação da professora Camila de Carli, acontece a revisão e finalização dos verbetes. Depois, na Educação Física, o professor Humberto Cesaro fará uma gincana para sistematizar todos os conhecimentos de forma lúdica. Os assuntos são também abordados nas aulas de Sociologia, com a professora Graciela Scherdien; e na de Filosofia, com o professor Hernandez Eichenberger.
A Wikistória será pública – qualquer um pode acessar. Os estudantes ainda estão desenvolvendo o conteúdo e, em breve, tudo estará disponível no endereço wikistoriaenciclopedia.wikidot.com.
METODOLOGIAS DIGITAIS
Segundo Isabel, os recursos digitais podem ser grandes aliados dos professores. “Eles podem ser utilizados para chamar mais atenção dos estudantes, para aproximar o conteúdo do universo dos jovens e, principalmente, para proporcionar novas experiências de aprendizagem”, diz a professora. “No entanto, as ferramentas digitais não substituem o ensino. Elas podem ser utilizadas como metodologias. E, como qualquer outra metodologia, não pode ser aplicada a todas as situações”.
Para a docente, os recursos digitais podem e devem ser utilizados em sala de aula, mas com ressalvas. “Só se realmente trouxerem um elemento interessante para o processo de ensino e aprendizagem, e não apenas para dar uma roupagem moderna a conteúdos pensados de forma tradicional”, finaliza Isabel.
Fotos: Divulgação/IFC Luzerna
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Wagner Lenhardt
Jornalista – MTE 0003635 JP-SC
Coordenação Especial de Comunicação – CECOM
Instituto Federal Catarinense (IFC) – Câmpus Luzerna