O alinhamento de perspectivas das práticas docentes, seguido por momentos de reflexão do trabalho desenvolvido dentro de uma instituição educacional, é um dos elementos básicos para fortalecer o processo de ensino-aprendizagem. No Instituto Federal Catarinense (IFC) Câmpus Luzerna, este entendimento é unânime entre servidores docentes e Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs). Nesta semana, a realização de mais uma etapa do Ciclo de Formação Continuada serviu justamente para ratificar esse pensamento.
Na quarta-feira (29), o professor Ivo José Triches, de Curitiba, resumiu em uma frase a compreensão da atividade educacional: “o afeto é o cimento do processo em si da aprendizagem”. Durante uma palestra dirigida aos participantes do Ciclo de Formação, Triches abordou assuntos como ética e relacionamento interpessoal, a partir das concepções de pensadores como Espinosa e Lúcio Pakter. “Estes filósofos construíram sistemas que, se as pessoas souberem se apropriar de seus principais conceitos, tenho certeza de que o fazer pedagógico pode ser diferente”, salientou Triches.
“Entendo que o determinante para que exista o processo de ensino-aprendizagem seja o da interseção. Na matemática, interseção são os elementos comuns entre dois ou mais conjuntos. Nas relações humanas, para Lúcio Pakter, interseção são os elementos comuns entre duas ou mais estruturas de pensamento (EPs)”, destacou o professor. “Quem dialoga comigo tem uma estrutura, que são as representações que essa pessoa tem sobre família, futebol, religião, etc. Do outro lado, eu tenho as minhas próprias representações. Dependendo da forma como nós interagimos, nossa interseção pode ser mais forte ou mais fraca”.
Para Triches, a consequência disto no fazer pedagógico é de que, quanto maior for a interseção, melhor se dará o processo ensino-aprendizagem. “É igual à mãe que leva o filho para se consultar com um psicólogo. Se a criança for obrigada a ir para a consulta, o trabalho clínico provavelmente será nulo”, disse o palestrante. As atividades do Ciclo de Formação continuaram na quinta-feira, com os servidores compartilhando experiências, fazendo leituras conjuntas de textos teóricos, etc.
A coordenadora geral de Ensino do IFC Luzerna, professora Jane Carla Burin, explica que o projeto de formação teve sua concepção iniciada no ano passado. “Nossa equipe, composta por pedagogos, assistente social e psicóloga, aprimorou as ideias, formulando um projeto que vai se manter ativo ao longo dos anos, sendo repensado a cada nova fase”, salienta. “Ele é feito sempre em duas etapas: no início do ano, quando temos as primeiras atividades após o recesso; e agora, na metade do ano, na retomada das aulas para o segundo semestre.” Segundo a coordenadora, o foco do projeto está nos docentes do IFC. Porém, eventualmente, algumas atividades serão abertas para profissionais de outras instituições.
“É um projeto importante porque ele proporciona um encontro. É o momento em que nós podemos parar as atividades rotineiras para trocar ideias sobre as práticas. Na correria do dia a dia, muitas vezes isto não é possível”, comenta Jane. “Conversamos sobre o que já fizemos, compartilhamos essas experiências e recebemos novas informações.”
De acordo com a pedagoga Roana Soares, está previsto em lei que o professor precisa da formação continuada. “Visando materializar isto, elaboramos esse projeto. Nossa formação acadêmica não é o bastante para atender a demanda diária. Aproveitamos esses momentos pós-recesso para vermos o que deu certo e o que não deu no primeiro semestre letivo. É um trabalho de reavaliação da prática docente”, enfatiza.
Roana diz que o retorno dos participantes tem sido bastante positivo. “Vejo que nós evoluímos muito como equipe. O trabalho humano em geral tem muito conflito, relutância. Quando você percebe o amadurecimento da equipe, é muito gratificante”, finaliza.
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Wagner Lenhardt
Jornalista – MTE 0003635 JP-SC
Coordenação Especial de Comunicação – CECOM
Instituto Federal Catarinense (IFC) – Câmpus Luzerna